segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Insulto-surpresa

Se há merda a que eu não acho puta de piada é a surpresas. Sob todas as variantes: festas-surpresa, chegadas-surpresa, cartas-surpresa, surpresas-surpresa. Mas é que não acho mesmo e, não sei muito bem por que razão, as pessoas acham que é só conversa. Que quando me aparecem com elas à frente, que choro de emoção e ai-que-amigos-tão-fofinhos-que-eu-tenho e afinal não é assim tão mau. O problema é que, regra geral, já estou tão fodida por ver uma vontade minha ser atropelada e desprezada que a minha vontade é desatar aos gritos e a virar mesas como se vê nos filmes de gente psicopata. Vivesse eu num desses cenários e era verem-me a virar costas, a fechar a porta dramaticamente e ala-que-se-faz-tarde. Como vivo aqui, nesta família e grupo de amigos com que deus nosso senhor fez o favor de me castigar, amanhã sei que vai haver um jantar-surpresa. E como é que eu sei? Porque tenho uma amiga que nem o cabrão do discernimento tem para perceber que se ela me liga a dizer «Olha, diz à tua mãe que sim, ok?»      «Mas que sim o quê, C.?»      «Epa, diz só que sim.»      «O caralho é que digo que sim.»    eu vou descobrir o que é que se passa. E não disse «sim» nenhum à minha mãe na esperança que eles cá aparecessem todos amanhã e ficassem à porta. Mas, há pouco, fui-lhe ao telemóvel e já lá havia a mensagem da outra a dizer que sim senhor, aparece cá tudo para jantar. Pois que apareçam! Apareçam sim, venham todos que fazem bem. Quem sabe se não entro também na onda das surpresas e mando um vão-todos-p'ó-raio-c'os-parta-surpresa. Ou então combino um cinema-surpresa com rigorosamente ninguém. E depois jantam todos com os meus pais. Que era o que mereciam.