quarta-feira, 29 de abril de 2009

Mais dias assim!

Só há uma coisa que eu detesto mais que dias planeados até aos minutos: dias sem nada para fazer. Folgo em ver que o de amanhã é um dos primeiros.
Acordar cedo (estupidamente cedo, na minha opinião), ir a Roma-Areeiro tratar do BI, ir a Almada ao médico que só chegará 3 horas e meia depois do marcado (literalmente, não é exagero) e portanto saber que devia ter ido mais tarde mas não querer arriscar, voltar a Lisboa, comprar o traje, ir à Baixa espalhar currículos e acabar a ver o pôr-do-sol no miradouro de Santa Luzia. E é nesta altura em que me rio de me ter andado a queixar o dia todo do tanto que tinha para fazer. É que, sabem, só mesmo estando lá. O Tejo, as pernas cruzadas, o cigarro, a conversa, os óculos escuros e os estrangeiros a perguntar o caminho para o Castelo. Só estando lá.

Obrigada, cereais.

Quando nos apetece comer qualquer coisa só porque sim. Quando temos quinhentas e noventa e duas coisas para fazer para amanhã e é quase meia-noite, mas nos apetece parar, encostar e ver um qualquer canal de televisão e comer qualquer coisa só porque sim. Confere? É nessas alturas que vamos à dispensa e ficamos divididos entre umas bolachas e a caixa dos cereais que bem sabemos que são para se comer com leite, mas que sabem TÃO melhor a seco. "Ai, pelo amor de deus, não vou levar a caixa para o quarto e alarvar" e então tiramos uma tacinha do armário e metemos uns quantos nela, a quantidade suficiente só para matar a vontade. É certo e sabido que passados 10 minutos já a caixa está ao nosso colo e nós encostadíssimos a comer do próprio do pacote.
A acompanhar, até aqui? Óptimo, é tudo o que posso pedir. Estamos nós felizes quando, de repente, e mesmo quando está a acontecer o giro da acção do que está a dar na televisão que a caixa resolve dar de si e tombar, qual pino ao levar com a bola. Até aqui tudo ok, não fosse não haver nenhuma bola nem qualquer força exterior que faça a caixa virar-se ao contrário e forrar o chão do meu quarto de tudo quanto é conteúdo da própria. E comesse eu cereais homogéneos! Mas não; têm banana, coco, maçã, amêndoa e tudo o que mais facilmente rebole chão afora. Conclusão óbvia: a caixa tem vontade própria e vira-se única e exclusivamente quando já só tem os cereais do fundo que, como é do conhecimento geral no Mundo das Caixas de Cereais, são muuuito mais pequenos, com muuuito mais migalhas, quando não estão em pozinho! (Ou isso, ou o facto de a caixa estar mais vazia, pesar menos e, por conseguinte, virar-se à mais leve brisa. Mas primeira teoria conforta-me mais o espírito; saber que as caixas de cereais estão a levar a cabo uma acção de vamos-obrigar-a-leonor-a-varrer-o-quarto-todo-à-meia-noite-so-porque-é-giro-e-porque-até-sabemos-que-o-aspirador-está-avariado.) Porque está-se mesmo a ver que é isso que acontece. E pronto. É assim que começa a minha noite.
Senti uma necessidade brutal de partilhar isto com o mundo cibernáutico.

domingo, 26 de abril de 2009

Back to basics

Vim agora de casa da A. Há imenso tempo que não a via. Tenho saudades. Tenho sempre saudades. É bom ter pessoas com quem estamos uma imensidão de tempo sem falar, sem ver mas que, quando nos juntamos, é como se nunca nos tivéssemos separado, como se falássemos todos os dias, como se estivéssemos outra vez no básico e sonhávamos com a vida que temos agora. Como se o tempo p'ra nós e só p'ra nós não passasse. É bom ver que ainda nos rimos com a mesma facilidade, das mesmas coisas, com a mesma intensidade.
E prometo sempre que não vou ficar tanto tempo sem lhe telefonar. Mas mal saio de casa dela, volto à vida de semi-adulta que se apoderou de mim e penso "Amanhã. Amanhão mando mensagem. Amanhã vamos ao café."
E diz que veio para ficar, a vida.

sábado, 25 de abril de 2009

Ainda não plantei hortelã.

Primeiro a minha mãe, há coisa de dois anos, que me apareceu com uma cena destas. Agora, na faculdade, não há vivalma que não tenha um blog. E eu, que gosto muito pouco de estar na ignorância, já tinha decidido vir ver que treta é esta que entretem tanta gente. Hoje, por feliz acaso, descobri o blog do Bruno Nogueira que, passo a idolatria, está genial. Pensei que era uma ideia olé ter (e foi neste ponto que a minha net resolveu ir abaixo como, de resto, estou tão acostumada. Só para dizer que perdi o raciocínio.) o meu próprio blog.

Quando vinha no carro e enquanto parava nos 386 semáforos que há na Amadora deparei-me com um pequenino (iiiino) mas vá... chato (?) senão: sobre que raio é que eu vou escrever? Melhor, melhor! Quem é que vai ser o otário que vai ler o blog da não-sei-quantas? E pensei que triste que seria daqui a 5 anos vir ao meu tão pensado blog e ver 10 míseras visitas, 9 das quais tinham sido protagonizadas pela minha pessoa e a outra seria provavelmente um qualquer blogger que havia perdido o norte e vindo parar a este mesmo lugar.

Tinha então duas questões que me atormentaram o espírito. Este tormento, contudo, durou só até chegar ao IC19 e um querido não me ter deixado entrar quando eu bem tinha decidido que ia entrar e me ter feito travar bruscamente. Aqui o meu pensamento foi para o meu pai e em quão grata estava por não ter que lhe comunicar que tinha partido o carro ao meio. E a ideia do blog ficou esqecida algures entre a Amadora e Queluz.

Mas como o que tem que ser tem muita força, cheguei a casa e ouvi a minha vizinha dizer ao rico filho "Edson Miguel, tu e os teus amigos hadem outra vez vir cá a casa e deixarem tudo desarrumado que vais ver como é que elas te mordem!". Quem eram elas não percebi, mas não devem morder com grande força tanto que o Edson respondeu "Prontos, tinha que ser eu!Foi a Carina!". Claro que a santa mãe fez o favor de reagir "Carina! Fostes tu quem desarrumastes (... não percebi)?". E pronto. Pareceu-me óbvio que alguma força superior me estava a dar um sinal, uma missão, por assim dizer. Já que os professores de Português deste país não o fazem, eu (euzinha) aceito carregar este fardo de nos mostrar que há palavras que, apesar de soarem melhor de determinada maneira, não são ditas. Por favor. É que há coisas que me arrepiam, que me dão comichão, que me fazem ir buscar força ao mais profundo de mim para não gritar com alguém ou pelo menos para não agarrar na pessoa e bater-lhe até ela repetir sem erros.
Andei 19 aninhos a reprimir aquilo que me apetece gritar ao mundo, mas, como sou óptima a manter a postura, vou dizê-lo de maneira cordial e educada. Não é hades, é hás-de. Não é hadem, é hão-de (juro que isto é verdade. Sei que pode demorar a encarreirar mas, por favor, acreditem). Estão a ver aqueles sapatos que servem para correr, atacadores... Vêm aos pares. Um par de ténis. Se, por algum infeliz contratempo, perder um dos seus, não castigue o outro chamando-lhe téni... É que o trauma de perder o buddy já é suficiente, ele já se sente castrado o suficiente para ainda vir o dono sacar-lhe o 's'... Vá lá, aprenda, repita. Dois ténis, um ténis. Não é difícil. Não vou sequer falar do prontos porque já toda a gente sabe e eu tenho para comigo que só soltam esta pérola ao pé de mim porque sabem que me começa a comichão ("Então hoje o que é que se faz?" "Epa, sei lá... 'Tou aborrecido, apetecia-me chatear alguém" "Oh se é pra chatear, mas pra chatear à séria... Siga passar 10 vezes ao pé da Leonor e dizer prontos!" E assim dois amigos ficam com o dia feito e eu frita até ao fim da linha). Tinha o meu primeiro problema resolvido; punha-se o segundo. Não perdi muito tempo nisso, não. "Epa que sa foda. Quem ler, leu; quem não ler, não leu. Vai ser giro vir cá daqui a um tempo e ler as parvoíces que escrevi." Espero eu. Espero que, apesar das tais 10 visitas, ainda me ria quando cá vier.
Porque as minhas parvoíces são intemporais.

(Provavelmente (provavelmente como quem diz, de certeza) que não perceberam o título deste post. Prometo que, a seu tempo, se vai fazer luz nas vossas mentes.)