domingo, 27 de junho de 2010

Nunca me hás-de ouvir dizer que gosto muito de ti...

... mas quando eu te levo papel higiénico porque o teu já acabou, quando te levo comida feita porque sei que tens saudades da da tua mãe, quando amuo porque dás mais atenção àquela ou àquele, quando insisto para que vás aos jantares com a desculpa de que não vou ter ninguém para fumar um cigarro no entretanto, quando apanho três tipos de transportes diferentes para ir ter a tua casa, quando chego à faculdade e espero por ti em frente ao anfiteatro com um cigarro já quase aceso, quando te chamo «cabrão do caralho» a alto e bom som, quando te digo que não podes, em circustância alguma, ter vergonha quando eu falo alto ou escorrego no meio da rua porque senão vejo-me obrigada a fazer pior, quando te digo no MSN que vou morrer porque me dói a barriga e acho que estou a ter uma paragem digestiva, quando te digo que não és tão betinho como parecias e que até és uma pessoa normal, quando te pico e chateio e chateio e não páro de falar, quando digo «You know you want it.» com aquele ar de prostituta barata, o que é que achas que eu quero dizer?

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Errr...

(Ao princípio da noite, quando apareceu na televisão uma deputada na AR.)
Mãe: «Olha, esta é minha amiga no Facebook.»
Eu: «Errr... Han?»
Mãe: «Aquela que apareceu ainda agora. É minha amiga no Facebook.»
Eu: «Pois... Está tudo muito certo então.»

Quem vê qualquer coisa de estranho no facto de a minha mãe ter um Facebook, sendo que eu não tenho, levante a mão. Iiiisso. Mais ou menos o que eu calculava.

terça-feira, 22 de junho de 2010

Sou má pessoa quando... #1

... saio de casa às 7h45, está um calor do raio c'o parta, o Sol me bate em cheio nas trombas e eu solto um valente «Foooda-se...!», abro os olhos e dou de caras com a minha vizinha de cima a passear o cão e a olhar para mim com ar de quem vai começar a chorar?
... de manhã só oiço é pássaros e penso, ainda que por breves instantes, na beleza que era eu ter uma pressão de ar?
... vou no carro e tenho que parar na passadeira, que está a ser atravessada por uma velhinha, e rosno para comigo «Puta que pariu, estavas tão melhor em casa do que aqui a fazer os outros perder 10 minutos de vida a verem-te a passar.»?
... avisto uma ex-colega da escola que não vejo há colhões e finjo que não a vejo porque já sei que me vai cravar boleia só porque mora a 1 km de mim? Então e se, a seguir, mandar uma mensagem a todos os meus amigos a dizer «Sabem quem é que eu vi? A T.! A gaja continua enfezada como no primeiro dia. Benza-a deus, coitadinha...» ?

Sou má pessoa?

domingo, 20 de junho de 2010

Hoje despedi-me. Contava com drama, acção, portas a bater, um adeus-seus-filhos-da-puta-espero-que-morram, no limite. Mas não, tudo muito cordial, tudo muito morno... Afinal é só dar uma cartinha a dizer que sim, senhor, gostei muito mas não tenho vida para aquilo e não tenho especial apreço por exploração e humilhação gratuitas. E já se foi o meu pesadelo aos fins-de-semana. Ainda tenho que trabalhar mais um mês. Óptimo, I can handle it.
E assim me vim embora a convencer-me que a minha vida nunca há-de ter uma cena à Chicago, com cenas de tirar o fôlego e de mais tarde relembrar. E eu conseguia viver com isto, a sério que sim.
Mas o que tem que ser tem muita força e lembrei-me de ir comprar umas merdas que faltavam aqui por casa. Pois bem, o ponto alto do meu dia não foi o despedimento, mas sim o Sr. Dr. Cabrão de Malho que dei algures na secção dos champôs. Um malho como há muito aquele supermercado não via, isso garanto. Há quem diga que a culpa terá sido da mania bonita que eu tenho de não levantar os pés quando ando em chão escorregadio (que o chão dos supermercados tem o seu quê de escorregadio, toda a gente sabe), mas sim deslizar qual patinadora-patinadora-à-caixa-central. Haverá, com certeza, quem diga que é porque tinha os atacadores desapertados (sim, mais depressa me hão-de ver a cair do que a baixar-me em público para apertar os ténis, é uma coisa que me faz espécie). Possivelmente. Eu continuo a achar que o que tem que ser tem muita força. E o que tem que ser não está de modos. Há aquelas pessoas que sabem cair com dignidade, com postura, com uma qualquer graciosidade, que as há. Depois há eu. Há eu e todo um chinfrin de quem sabe que já se esmerdou completa e vergonhosamente e ainda faz questão de chamar a atenção porque ou sai um gritinho histérico ou um valente «Eia c'um caralho que já me fodi» (mas isto muito muito rápido, o que confere dez vezes mais piada à coisa, juro). E isto não costuma abonar a meu favor, porque, regra geral, as pessoas que por lá se passeiam deixam logo de sentir compaixão por mim, que entretanto me encontro no chão de joelhos a tentar apanhar toda a merda que me caiu das mãos e da puta da mala, e se saem com um «Malcriadona hunf!». É então que me levanto, p'ra lá de azul, e continuo a minha vidinha, mais envergonhada por ter passado a imagem de barraqueira sem educação do que por causa da queda, que essas calham a todos.

terça-feira, 15 de junho de 2010

Epa...

foda-se foda-se foda-se foda-se
caralho caralho caralho
foda-se!

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Oh raça do demo!

Há poucas coisas que me fazem espécie, mas as que fazem, fazem à séria! Este tema já está mais que batido, mas, como boa blogger que sou, também eu tenho uma opinião a dar (que isto blogger que é blogger tem opinião a dar sobre todo e qualquer assunto).
Hoje debruço-me sobre a falta de percepção da Língua Portuguesa de que algumas cabeleireiras do nosso país sofrem. Nem estou a falar do típico «São dois dedinhos, amiga.» e saímos de lá com um Bob. Nem vamos por aí. Vamos para os exageros. Eu reconheço que ir ao cabeleireiro me é particularmente penoso, é verdade. Está ela por ela com o estudo. Desenvolvo variadas reacções físicas perante tal acontecimento. Sim, mas também sei reconhecer quando está tudo maluco e lhes dá para inovar! Caralho, façam lá esses penteados de sonho a outras que os aguentem, que cá destes lado nunca hão-de sentir mais liberdade que um «Ok, pode cortar pontas estragadas (e são só as estragadas, minha puta) ao desbarato».
«Então e franjinha? Ai que ficava tão bem com uma franjinha, que anda sempre com o cabelo nos olhos e que bonitos que são. E fazia-lhe a carinha menos redonda.» Eu acredito que este pseudo-ataque psicológico possa surtir efeito nalgumas clientes, mas, minha amiga, para estes lados escusa de vender o peixe. A sério, já dei por mim a dizer que sim a ideias loucas só porque ela pedincha, pedincha e faz aquele olhar de cão abandonado e eu, que imagino o tédio que deve ser a vida dela só a cortar pontas, só a cortar pontas, lá a deixo fazer umas brincadeiras. Isto está tudo ao contrário! Não sou eu que lhe pago para ela me fazer as vontades?! E que feliz que ela fica. E eu fiz uma boa acção.
Agora, quando começa a fazer parte do vocabulário dela palavras como «farripas» (oooii?!), «pontas voltadas para fora» (... ok, onde é que está a câmara?) e «risco em zig-zag» (caralho, é agora que a faço engolir o secador), temos o caldo entornado, pois com certeza que temos. Não se lhes pode dar uma mão, querem logo o braço! O arzinho da Farrah Fawcett era giro que só ele, mas por alguma coisa é a imagem de marca dos anos 80, certo? Doesn't ring a bell? Vai lá fazer farripas p'ó raio que t'a parta!

Ok, where do I sign out?

Já todos experimentámos aquela sensação de querer sair de uma coisa e não conseguir, não poder simplesmente. A sensação de LET ME OUT OF HERE, MADAFACKA! Mas não dá. Não porque fique mal, não porque temos vergonha ou porque queremos dar uma de chefes da nossa aldeia. Simplesmente porque não depende de nós sairmos, estamos literalmente presos a uma coisa maior de que nós, envoltos numa coisa que nos ultrapassa largamente.
O que de melhor eu arranjo para ilustrar esta situação, para os felizes de vocês que não tem puto de ideia do que eu estou a falar, é o seguinte: sabem quando estamos super excitados porque vamos andar naquela montanha russa de que toda a gente fala? Aquela gigante com 10 loops fazíveis em 8 segundos? Aquela que, depois de de lá sairmos, toda a gente nos presta vassalagem porque andámos e não nos esmerdámos por completo? Pois muito bem. Quando nos sentamos e apertamos o cinto, sentimos que nada de mal pode dali advir, afinal é só uma montanha russa. O carrinho sobe devagarinho e nós «Aaaah que conseguimos ver o parque todo, que bonito, mas que vista tão catita. Isto não é assim tão mau.» E eis que vem a puta da queda. Então aquela merda anda a 200 km/h e não houve uma alma caridosa que nos tenha dito antes?! Ninguém avisa?! Nada?! E a partir daí é só a piorar. E sobe e desce e sobe e desce. E sentimos o estômago na boca e gritamos que nos deixem sair dali, que já perdeu a piada, que já está bom assim, que sim senhor, foi divertido, mas já chega, que parem esta merda que já não estou a achar graça nenhuma, caralho que vou morrer aqui, foda-se tanta merda que eu tinha para fazer. Mas aquilo não pára. Porque não há ninguém com essa função. Pessoal, ninguém quer saber se estão a morrer na montanha russa.
Eventualmente, o comboiozinho pára. Depois, das duas uma, há aquelas pessoas que rapidamente lhes passa o susto e 'bora-lá-mais-uma-vez-que-isto-é-tão-giro. E há aquelas que deus-nosso-senhor-me-livre-que-nunca-mais-lá-me-apanham. Eu, como 'tá fácil de perceber, sou das segundas. Quando descobrir o the way-out, muito dificilmente cá me apanharão outra vez. Só se fosse muito otária.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

«Ao cortar-se uma batata, por exemplo,...

... ela aumenta a sua taxa de respiração, surge uma periderme (uma medida de defesa contra a agressão) e, por fim, o tubérculo morre. É a respiração de ferida
É nestas alturas que me orgulho do meu curso e do despertar de mentes que ele ambiciona. Como, pessoas, como é que ainda há mentes iluminadas pela escuridão que não vêem a Evolução como um facto? Não vimos todos do mesmo sítio, pois não, seus poços de conhecimento?

Das discussões (pois é, ainda)

Não é que eu não goste de uma boa intriga, que gosto. Mas não gosto mesmo nada de confrontos. Nem de confrontos nem de conversas sérias. Ui medo, muito medo. Então opto pelo mais fácil: brincar, minimizar, meter uns «Oi? Diga diga. Não, não, agora já oiço, diga lá então.», dizer uma piadas espirituosas e fugir à conversa. É que fico meio sem-graça para conversas sérias. Sejam para discutir, sejam para falar a sério só.
Claro que isto depois tem um preço. Que está sempre tudo muito bem, que não me chateio com merda nenhuma, que sou feliz e contentinha da vida, uma jóia de moça a quem nunca, por nunca ser, há-de saltar a tampa à séria e que podem foder à vontade que ela daqui a pouco já esqueceu. E isto não é, de todo, verdade. Ok, não dou muita importância, ok, quero é que fique tudo normal o mais rápido possível, ok, sou incapaz de voltar a falar disso. Mas... Todos temos os nossos dias. E depois temos os outros. Hoje estou num dia meu. Hoje estava capaz de me esquecer da arte de Bem Discutir e ir buscar merdas que ainda me lixam o juízo.

(Porque se tu sabes ser cabrão, eu também sei ser cabra. Não vou gostar muito de mim nos segundos a seguir, mas não vou fazer nada que não tenhas feito, sim, fofinho?)

Factos da vida #2

Hoje estou para os «Detesto». Qualquer dia, lembro-me dos «Adoro». Detesto, odeio, abomino discutir. Fujo a sete pés de toda e qualquer forma de gritos, humilhações, atiranços-à-cara, grosserias e afins. Mas se tiver que ser, é.
Se há coisa de que me orgulho é de saber discutir. E o que é isso de saber discutir? É tão somente ser inteligente. A sério, não é mania, é mesmo só isto. Não é não gritar, não é não dizer palavrões, é simplesmente ser cordial (mesmo que o cabrão que nos perdeu o Ipod diga que fomos nós que não tivemos cuidado), não ir buscar coisas do passado que nada têm a ver com o assunto («Aaaaah e aquela vez, quando tínhamos 4 anos, que me empurraste para a piscina e eu ia morrendo? Lembras-te? Disso já não te lembras tu, não é, minha grande vaca?», não, não é bonito.) e não insultar a outra pessoa por coisas que a) lhe fogem ao controlo; b) nos contou em confidência, num momento de fraqueza, e está esquecido e enterrado; c) sabemos terem causado imensa dor/desconforto/embaraço/humilhação. Acima de tudo, é não nos esquecermos que, se nos estamos a dar ao trabalho de discutir com a pessoa, é porque gostamos dela e não a queremos magoar.
Fora isto, vale tudo. Até empurrões. E estalos. Puxar os cabelos é que não. Aí, passamos para um patamar de que só muito dificilmente conseguimos sair. Eu chamo-lhe, aleatória e despropositadamente, cantinho da Buraca.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Faça-se luz

É preciso explicar? Ninguém nota um padrão? Hm? No one?
...
Eis que é Junho outra vez e estou outra vez sentada à secretária. Eis que tenho um livro que me grita. Eis que invento a mais pequena das merdas para me entreter e convencer-me que há algo mais urgente que o urgente: escrever no blog. Podem contar comigo outra vez daqui a um aninho. Mais coisa menos coisa, um aninho.

Eu agora era menina para me debruçar sobre a temática «Ter deixado o blog ao abandono durante 1 ano». Juro que era.

Factos da vida #1

Eu detesto estudar. («Aaah jura. És a única pessoa do mundo que detesta estudar... Está mas'é calada.») Não, a sério, eu de-tes-to estudar. Sentar-me à secretária com o propósito de estudar está, para mim, como abeirar-me de uma ravina na Praia das Maçãs, a sério. Não é exagero. Hiperventilo, apetece-me chorar, começa a doer-me a barriga, fico com os pés dormentes, despeço-me da televisão. Abro um livro que me grita «NÃAAAO, DEIXA-ME ESTAR QUIETINHO, YOU KNOW YOU WANT IT!».
Subitamente, é incrível o interesse que um risco na parede me desperta. Como me apetece limpar o quarto, que-horror-isto-não-pode-esperar-que-ainda-sufoco-aqui-com-o-pó-e-depois-não-vou-poder-dizer-me-que-me-avisei. Como a minha vida nunca mais será a mesma se não vir aquele filme que já vi 246 vezes, mas que agora é que vou ver a luz e entendê-lo como deve ser. Como decido que é hoje que o roupeiro tem que ficar organizado por cores.
Eu sei que ninguém gosta de estudar, eu sei. Mas eu acho que sou um caso especial, um caso a ser estudado. Eu desenvolvo toda uma panóplia de reacções fisiológicas ao estudo. A sério, se me ouvem e estão interessados, é contactar. Desde que não haja testes reais. Só simulações («Então agora imagine lá que vai estudar», só isto. Combinados?)